Mais um ano se passou



Mais um ano se passou
Para o Ronald
Solange Amado
Me lembro dele tirando um selfie com Tiradentes, tomando uma cervejinha gelada com Caxias, aquele mesmo, invicto e gentil, aquela flor de estadista e soldado. Se enfiando na moita pra avisar D. Pedro de que era hora de gritar “Independência ou Morte!”. Ajudando Camões a escrever os Lusíadas. E mais tarde, amigo de Machado de Assis, escrevendo o prefácio de “D. Casmurro”. Mais, revisou a primeira edição de D. Flor e seus dois maridos”, a pedido de Jorge Amado.
É assim. Ele está ou esteve em todas. E não, não é birutice. É que todo ano o Ronald Claver faz aniversário. Todo santo ano.  E meu baú de lembranças está em níveis críticos. A salvação da lavoura é embaralhar as lembranças, verdades, mentiras e imaginação. Passado, muito passado e quiçá, futuro. Loucura é bom e eu gosto quando se trata de escrevinhar. Afinal, todo mundo adora histórias de pescador. Ninguém precisa explicar nada.
Daí, eu faço uma pescaria com os melhores lances do Ronald para a posteridade. Verdade que Camões não ficou muito satisfeito com sua assessoria e o condenou a ensinar escrita pelo resto da vida, aos índios selvagens da colônia incivilizada de além mar. E ele foi. E é o que faz até hoje, bem além da Taprobana. Mais do que promete a força humana.
Eu o conheci assim, nos idos de 2012.  Cheguei, me acomodei num toco e botei reparo nele, lá em cima da árvore das palavras. Até hoje, vez em quando, joga uma frutinha e a gente come. Às vezes, a sementinha que fica a gente planta e nasce uma árvore-livro, um tanto mirradinha, que a terra inóspita não ajuda. Não importa. Nós vamos plantando. Às vezes, a muda não pega. Aí é brabo.  Verdade que atualmente tem brotado um monte de letrinhas, que se colhidas, dão uma sombra boa, que enche os olhos, alegra o espírito e descansa a mente. Acho que é só isso que o mestre quer: plantar mudas de palavras até fazer uma sopa grande de letrinhas, que aqueça o mundo e mate a sede da alma.
Não é muito, nem carece de mais. Dá para enfrentar o mal estar de existir. Isso basta.
Obrigada por nos abrigar nesse cobertor quentinho de palavras. Um cafuné de completude nesse imenso vazio que nos cerca.
Juro que quando crescer vou tentar ser igual a você.
www.versiprosear.blogspot.com.br        07/09/2018





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