Histórias Caseiras


Histórias caseiras
Solange Amado
Morava há pouco no meu apartamento novinho em folha, quando recebi a visita de minha sobrinha neta Luíza, com 4 anos na época. A pequena andou por todo o  apartamento, atenta aos mínimos detalhes. Parecia procurar alguém ou alguma coisa. Parou no meu quarto, diante da minha cama de casal e perguntou.
“Tia, você tem um “malido”? “Não”, foi a resposta.
“Você tem um “namolado”?  Novamente a resposta foi não.
Ela não desistiu:
“Você tem um papai?  Não outra vez.
“Você tem uma mamãe? Neguei novamente.
Então, ela fez uma pausa demorada e em desespero de causa, soltou essa:
“Tia, você tem um cachorrinho?”


Essa é recente: Meu sobrinho neto Gustavo, também com 3 anos, após ser “atropelado” pelo traseiro da avó, disse para o avô:
“Vovô, a vovó tem bunda, né?”
“Claro, meu filho, todo mundo tem bunda”, foi a resposta
“É. Mas você não tem não”.  Meio chateado o avô respondeu:
“É que o vovô tá ficando velho, e a bunda vai murchando, murchando, murchando...”
Intrigado, o pequeno encarou o avô:
“Vovô, você tem pinto?”


Minha faxineira, D. Sebastiana, não sabe ler nem escrever, mas assina o nome de maneira sofrível e assim se tornou eleitora. Há pouco tempo, foi abrir uma conta no banco e o gerente deu-lhe uma ficha cadastral pra preencher. Ela olhou candidamente para o camarada e disse: “Não é essa não, doutor. Não tem aquela que a gente põe o dedão cheio de tinta”?  Há dias, estava eu escrevendo um texto no computador, quando ela surge na porta do quarto; “Você pode escrever pra mim o número de quem eu vou votar?” Eu disse que sim, mas como não sabia os números ainda, mais na época eu faria isso. Não se preocupasse. Cheia de curiosidade, perguntei: “Em quem a sra. Vai votar?” E ela: “Não adianta me pedir, eu não vou votar nessa tal de Vilma. Ela tá roubando demais. Nem pensar!” “OK” respondi, “mas, então, em quem?”  “No Lula. Foi o único prefeito de Ribeirão das Neves que fez alguma coisa por nóis! Botou asfalto na minha rua e fez uma pracinha lá”. Expliquei que o Lula nunca foi prefeito de Neves, aliás não foi prefeito de lugar nenhum, ele foi presidente da República. E não é candidato. “Como não? Eu já vi ele três vez inaugurando a pracinha,  e foi o mió prefeito que teve lá. Nossa vida miorô bastante, antes a gente vivia enterrado na lama até os joelhos”. Tentei explicar que a candidata é a d. “Vilma” e que eles são do mesmo partido. “Partido? O que é isso? Ocês num qué é que eu vote nele. Mas é nele que eu vou votá.” Não houve jeito. Ela vai votar no Lula pra prefeito de Ribeirão das Neves e não  “adianta engambelá ela”.
 Pois é, achei uma boa ideia, principalmente porque temos um presídio muito legal por lá. Nada assim 5 estrelas, mas, deve servir.



Maria Solange Amado Ladeira                       10/06/2014

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