Sobre a flatulência


Postado em 25/10/2016
Sobre a flatulência
Solange Amado

Já vou avisando. Tirem as crianças da sala. A coisa desandou para a escatologia. Não tenho culpa. Tudo começou de maneira bem inocente. Um bate- papo. Um churrasco à beira da piscina. A turma pegando leve nas fofocas costumeiras. Ninguém se aventurando a algo mais forte do que carne e cerveja.
Foi aí que alguém fez aquela pergunta fatídica: “Em quem você vai votar?” A pergunta foi feita ao meu vizinho da esquerda. E a resposta foi a típica saída mineira: “Vou votar no menos pior”. Parada dura, diga-se de passagem, comentei com meus botões. A resposta só acirrou a curiosidade dos presentes. E a pergunta foi repetida aos demais componentes da mesa. Um deles disse que vai votar no fulano porque sabe que ele é doido de pedra e ele quer ver o circo pegar fogo. O outro disse que não vota no mesmo fulano porque é o  nosso “Trump tumpininquim”. A coisa foi indo por essa toada de profundo desencando e cá comigo, achei que a coisa estava indo por um caminho malcheiroso.
Foi quando o perguntador não segurou a sua flatulência. Após a debandada geral e quando o ar empesteado permitiu, todos foram retomando cautelosamente os seus lugares à mesa, e o assunto passou de política malcheirosa para o efeito estufa, destruição da camada de ozônio e coisas que tais.
Tínhamos à mesa um professor de química, e lá foi ele destilando a sua sabedoria: sabiam que a digestão das vacas injeta mais gás carbônico e gás metano na atmosfera, do que a quantidade de gás emitida pelos automóveis? Eu não sabia. Aliás, A produção do gado é responsável por 15,4% dos gases nocivos à atmosfera. Duvidam? Já o peido humano é muito mais inocente, tem gás sulfídrico e enxofre, produzem aquele cheiro terrível, mas muito menos metano do que os das vacas. Não colaboramos muito pro efeito estufa. Graças a Deus!
Tem mais. A flatulência é tão importante, que os romanos, pródigos em deuses, inventaram não um, mas dois deuses responsáveis pelo peido. O primeiro, Flatus, é responsável pelos barulhentos e inodoros, o outro, Perfidus, responsável por aqueles silenciosos, em compensação, terrivelmente malcheirosos.
E se vocês, meus amigos, acham que estão livres desse péssimo hábito de expelir gases, saibam que o ser humano normal expele um litro de gás por dia, distribuído em cerca de 14 peidos.
A boa notícia é que se a gente mexer na alimentação, tanto do gado, quanto dos humanos, é possível diminuir o mau cheiro e a ameaça à camada de ozônio.
Boa ideia! Só não sei se vai dar certo mexer na dieta do Executivo e do Legislativo desse país.
De qualquer maneira, é uma esperança. Concordam?


Maria Solange Amado Ladeira          25/10/2016
www.versiprosear.blogspot.com.br

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